Executivo prevê recorrer a financiamentos mais baratos

 In Economy

A ministra das Finanças, Vera Daves, disse, esta segunda-feira, em Luanda, ser perspectiva do Executivo mobilizar novos recursos por via de “financiamentos mais baratos e poucos caros”, no quadro do Plano Anual de Endividamento (PAE).

Falando no programa “Entrevista a Quarta-feira”, na Rádio Nacional de Angola (RNA), a governante apontou, como exemplo, a ida a mercados tendencialmente mais caros com os financiamentos concessional e semi-concessional, prevendo-se, no entanto, um valor menor, sem avançar mais dados.

“É está gestão que temos feito para que, no final do dia, o serviço da dívida continue a ser possível de gerir e a dívida pública angolana continue a ser sustentável”, disse Vera Daves de Sousa.

Com o Plano Anual de Endividamento já em vigor, Angola prevê captar recursos na ordem dos 6.883.77 mil milhões de Kwanzas (equivalente a USD 10.74 mil milhões), dos quais 3. 833. 47 mil milhões de kwanzas no mercado externo (USD 5.98 mil milhões) e Kz 3. 050 mil milhões (USD 4.76 mil milhões) a nível interno.

Do total de captura externa, 1. 794.21 mil milhões de kwanzas estão reservados ao regresso da emissão dos Eurobonds (título internacional denominado em uma moeda diferente do país em que é emitido).

Segundo a ministra, o recurso aos mercados internacionais, via Eurobonds, está para breve e poderá trazer outras operações de valor para o sector privado, além da captação de recursos financeiros.

No seu entender, “a ida pelos mercados não é só pelo dinheiro em si, mas também uma oportunidade de promover Angola e, com isso, virem ao país outras operações que podem trazer valor no domínio do sector privado”.

“É importante mantermos interacção, apresentarmos os nossos dados, partilhar com os investidores o que estamos a fazer e qual é a performance da nossa economia”, considerou a ministra das Finanças.

De acordo com Vera Daves, os bancos, as agências e fundos de investimento têm clientes e constroem uma narrativa positiva acerca de Angola, que podem atrair investimentos privados.

Para o mercado interno, disse a governante, o foco está na Dívida Titulada, Obrigações de Tesouro (OT) e Bilhetes de Tesouro (BT), este último na ordem de 30% de captura.

Necessidades brutas com queda de 2%

Vera Daves sublinhou que, ano após ano, as necessidades brutas de financiamento no Produto Interno Bruto (PIB) tendem a reduzir, tendo sido, em 2021, de 15%. Para este ano, a previsão é de 13% do PIB, com uma redução de 2%.

A mesma redução seria ainda mais se o índice de stock de dívida não fosse elevado, visto que o esforço recai para as amortizações, no quadro dos compromissos assumidos.

Em termos líquidos, sem o peso das amortizações, o país está a endividar-se mais em valores na ordem dos 500 mil milhões de kwanzas, sendo necessidades líquidas de financiamento, de acordo com a ministra.

Por esse motivo, Vera Daves defende a necessidade do crescimento económio, para que com o mesmo seja possível pagar-se o serviço da dívida com base nos impostos.

Enquanto não acontece, o país caminha utilizando diferentes alternativas de financiamento, como os multilaterais, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), entre outras instituições financeiras.

“À medida que crescemos, ser cada vez mais possível pagar o serviço da dívida com os impostos”, augura.

Neste momento, adiantou a governante, o foco é ir-se aos mercados, em breve, numa lógica de fazer gestão proactiva da dívida e assegurar que os picos de vencimento da dívida, para os próximos anos, sejam ligeiros.

A dívida de Angola está em torno de 67, 5 mil milhões de dólares, um valor que varia em função da taxa de câmbio, visto que a mesma contempla dívida em kwanza, indexada á taxa de câmbio e em moeda externa.

A China é o maior credor, tendo Angola uma dívida de 20 mil milhões de dólares.

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