EAU investem mil milhões na produção de energia solar

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O Governo dos Emirados Árabes Unidos vai financiar a construção de parques solares em Angola, anunciou, terça-feira (21), em Abu Dhabi, o ministro angolano da Energia e Águas.

João Baptista Borges falava à imprensa a propósito da assinatura, na segunda-feira, de um memorando de entendimento entre o Ministério da Energia e Águas de Angola e a empresa “Masdar”, que estará encarregada de construir os referidos parques solares.
O ministro esclareceu que o memorando de entendimento tem em vista o desenvolvimento de projectos concretos, mediante os quais serão assinados contratos comerciais que irão permitir que a Masdar, que faz a gestão de energias renováveis nos Emirados Árabes Unidos (EAU), invista, directamente, na construção de parques solares em Angola.

“Eles têm um pacote inicial de cerca de mil milhões de dólares para a construção destes parques para energias renováveis que, no fundo, depois, vão ser absorvidas para o consumo da população e de empreendimentos económicos no país”, adiantou.
Entre os beneficiários directos do projecto, João Baptista Borges apontou, por exemplo, a região Leste do país, nomeadamente as províncias do Moxico e as Lundas Norte e Sul, onde actualmente ainda há um grande défice na produção de energia, principalmente para satisfazer as necessidades mineiras. “Estes investimentos são, no fundo, soluções viáveis que vão permitir atender essas necessidades, fornecendo energia a preços mais baratos comparativamente aos actuais”, garantiu.
Além da zona Leste, o ministro disse haver, no âmbito das energias renováveis, um atlas com uma lista com todos os projectos que o Executivo pretende desenvolver, quer no domínio solar, quer eólico ou hídrico. Segundo João Baptista Borges, é em função deste atlas que se vai detalhando os projectos e analisando a sua viabilidade.

“A nossa meta é universalizar o acesso à energia eléctrica”, garantiu o governante, sublinhando que, actualmente, apenas entre 42 e 43 por cento da população tem acesso à energia. “Quer dizer que a maior parte não tem e vive, maioritariamente, no interior. Universalizar significa promover o acesso à energia a mais de 15 milhões de pessoas e é isso que pretendemos”, comprometeu-se.

Audiências
Ontem de manhã, o Presidente João Lourenço recebeu, em audiência, o director executivo para África de Assistência Técnica e Energia da Masdar, Mohammed al Ramahi, que, no final do encontro, se mostrou “bastante entusiasmado” por poder participar no processo de produção de energia renovável em África e, em particular, em Angola.

Esclareceu que o projecto da Masdar em Angola é de produção de energia fotovoltáica, sendo que os preços vão depender das modalidades a serem adoptadas. Sublinhou, entretanto, que se trata de um projecto para dez anos.
“Angola é dos países promissores em África, uma nação líder e com grande potencial. Por outro lado, sabemos que cerca de 68 por cento da energia produzida no país é de fontes renováveis, pois provém de barragens hidroeléctricas. Entendemos que Angola está comprometida com a agenda de descarbonização e tem um programa muito ambicioso neste sector”, comentou Mohammed al Ramahi, quando abordado sobre a aposta do Executivo angolano nas energias renováveis.

Relativamente à segurança para se investir em Angola, Ramahi disse ter pedido ao Chefe de Estado a facilitação na legislação, mecanismos de governança, bem como a redução de subsídios, elementos que considerou “bastante importantes” para a atracção de investimentos estrangeiros.
Na manhã de ontem, o Presidente João Lourenço recebeu um representante da TAQA, outra empresa dos EAU ligada à energia eléctrica. No mesmo período, o Chefe de Estado visitou, em Abu Dhabi, um estaleiro naval ligado à indústria militar. No local, João Lourenço viu de perto uma corveta e tomou contacto com outros meios de vigilância marítima, aérea e terrestre, como lanchas rápidas e drones.
À tarde, realizaram-se outras audiências com empresários daquele país.
Empresários querem produzir abacate e café

Empresários   dos Emirados Árabes Unidos ligados à agricultura manifestaram, em Abu Dhabi, o interesse de efectuarem parcerias com homólogos angolanos e investirem em Angola na produção do abacate e café arábica.

O interesse foi manifestado no âmbito da visita que o Presidente João Lourenço efectua a este país do Médio Oriente.
O ministro da Agricultura e Pescas, António de Assis, anunciou, já para a primeira quinzena de Janeiro, a visita a Angola de equipas técnicas de duas empresas privadas interessadas em investir no país. Uma vai trabalhar no Planalto Central e a outra no Planalto de Malanje, duas regiões com um historial na produção de abacate.

Em declarações, ontem, à imprensa, o ministro disse que as duas empresas têm como objectivo principal estabelecer parcerias com congéneres angolanas, para que a produção de abacate e café seja em grande escala no país. O papel do Ministério da Agricultura e Pescas, através do Instituto de Investigação Agronómica, será de trabalhar no sentido de garantir que a produção seja feita de acordo com as exigências do mercado internacional.
Nestes programas, garantiu António de Assis, também serão incluídas famílias angolanas, porque não serão só as fazendas a trabalhar com a alta tecnologia. “Todas as famílias que estiverem nos corredores de produção também serão apoiadas, para que possamos satisfazer a demanda do mercado”, declarou o ministro, para quem há condições climáticas para a produção em grande escala de abacate e café nas regiões citadas.

Acções no domínio portuário

Em declarações, terça-feira, à imprensa, para esclarecimentos sobre o memorando, o ministro dos Transportes, Ricardo d’Abreu, disse que Angola e os Emirados Árabes Unidos (EAU) comprometeram-se a lançar duas iniciativas distintas: uma de carácter mais comercial e de investimento e a outra de carácter mais institucional, para o aumento da capacidade institucional do nosso país a nível da administração marítima.

No domínio comercial, especificou, há algumas iniciativas concretas. Ricardo d’Abreu apontou a questão da gestão dos terminais portuários – seja em Luanda, seja em Cabinda – bem como a participação da Abu Dhabi Ports no processo de privatização de algumas empresas do sector marítimo e portuário e outras a si relacionadas.

“Temos, também, um desejo muito firme por parte deles (Abu Dhabi) de participarem em toda a nossa estratégia no domínio das plataformas logísticas, procurando assegurar a sua participação activa, enquanto investidores e depois como gestores e operadores das plataformas logísticas”, acrescentou.
Outra área a ser contemplada, segundo o ministro, é o conjunto dos serviços que estão à volta do negócio marítimo e portuário, como os de pilotagem, cabotagem e de outros tipos de navios mais pequenos para o apoio à actividade marítima.

A vertente institucional, disse, tem a ver com a troca de experiência entre as autoridades portuárias dos dois países, a formação e capacitação de quadros nacionais marítimos, bem como o apoio da Abu Dhabi Ports naquilo que é a implementação do SDCW, “uma convenção muito importante no domínio marítimo”.

Ricardo d’Abreu sublinhou que existem muitos jovens angolanos que precisam de se qualificar no nosso país  e assegurar a sua certificação para poderem prestar serviços marítimos, seja em Angola, seja noutras partes do mundo.

“Pensamos que é um memorando muito bom e fértil em termos de iniciativas e intenções. A fase seguinte já é muito mais concreta, que é a de procurarmos os vínculos contratuais específicos para cada uma das iniciativas.

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