PIB per capita do país pode quadruplicar nos próximos anos

 In Economy

O PIB per capita de Angola, que mede o contributo de cada cidadão em relação a produção de bens num dado ano, poderá quadruplicar, passando dos actuais cerca de 6.300 dólares para 24 mil dólares, em cerca de 30 anos.

Esta apreciação defendida pelo Ministério da Economia e Planeamento foi, favoravelmente, apreciada numa recente declaração conjunta assinada pelas ministras das Finanças, Vera Daves, e da Educação, Luísa Grilo, e também o director Regional do Banco Mundial para Angola, Jean-Christiphe Carret.

Para que tal ocorra, Vera Daves, Luísa Grilo e Jean-Christophe apontam a necessidade de o dividendo demográfico ser adoptada como uma estratégia essencial de desenvolvimento, valorizando-se o aumento da produtividade de cada indivíduo, publicada há dias pelo Jornal de Angola, na página de opinião.

A referida estratégia assume ser, para tal, necessário apostar-se na maior escolarização da jovem rapariga, uma vez que um maior tempo de presença deste grupo social na escola e no aprendizado resulta na subida do contributo deste na criação da riqueza nacional.

“Quer procuremos a igualdade, reduzir a pobreza, ou aumentar o bem-estar dos angolanos, o ponto de partida é o mesmo: fortalecimento do poder e investimento nas raparigas. Manter a rapariga na escola e garantir que efectivamente aprendam fará, provavelmente, mais pelo futuro de Angola do que qualquer outro investimento público”, escrevem.

A nível social
A nível social, e em termos económicos, ter raparigas a permanecer mais tempo na escola ajudará a desencadear um “dividendo demográfico”, que ocorre quando os ganhos de produtividade decorrentes de ter um mercado de trabalho em crescimento são cronometrados com um rácio de dependência em queda, ou seja, teremos menos crianças e idosos para cuidar por trabalhador, quando o crescimento económico ultrapassa consistentemente o crescimento populacional.

Na visão das três entidades, o Ministério do Planeamento (MEP), juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a População (“UNFPA”), estimaram que, para Angola, este “dividendo” poderia representar um “PIB per capita” de mais de 24.000 dólares para os angolanos até 2054, em comparação com um cenário de apenas 6.300 dólares se as coisas forem mantidas como estão agora, se não forem tomadas medidas. Este quadruplicar do rendimento médio – uma oportunidade histórica para reduzir a pobreza – baseia-se em assegurar que um maior número de raparigas permaneça mais tempo na escola e aprenda mais.

“Alargar a educação das raparigas é um forte instrumento político para alcançar o compromisso de Angola de acabar com o casamento precoce, consagrado tanto na Carta Africana dos Direitos e Bem-Estar da Criança quanto na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. Para além de ser uma questão de direitos humanos, isto é especialmente importante, uma vez que Angola ocupa a terceira posição mundial em gravidezes na adolescência e sobretudo evitar a gravidez indesejada. Manter as raparigas na escola não é suficiente: precisamos de melhorar o seu acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo a contracepção”, disse.

Além das raparigas, as entidades do Governo assumem que também os rapazes constam da estratégia.

Acções necessárias
Nesta perspectiva, para que as raparigas permaneçam mais tempo na escola e aprendam mais, admitem serem necessárias muitas acções. Talvez o mais importante, para colher verdadeiramente todos os benefícios da educação, seja que as escolas em Angola, tal como acontece nos demais países, se tornem mais seguras.

“As raparigas e os rapazes são, muitas vezes, vítimas de violência no percurso até à escola, na escola e no retorno a casa. Isto é simplesmente inaceitável para todos nós. As escolas devem ser bastiões de segurança e paz. No entanto, ter escolas mais seguras requer políticas e acções adequadas que devem ser introduzidas com urgência”, indicam.

Todo esse ambiente de excelentes perspectiva passará pela garantia de um apoio financeiro às raparigas e às respectivas famílias, para melhor incentivar a assiduidade e pontualidade.

Neste sentido,a ıdeıa conjunta lançada pelas ministras Vera Daves, Luísa Grilo e o director Jean-Christophe do Banco Mundial assume que o programa de bolsas de estudo anunciado, recentemente pelo Governo, é um primeiro passo nesta direcção, complementando o Programa Kwenda já em curso.

“O Governo de Angola investirá 110 milhões de dólares durante os próximos quatro anos, beneficiando 900.000 jovens angolanos. Este tipo de intervenção já provou que não só aumenta a frequência às aulas, mas também a qualidade da aprendizagem”, escrevem.

Especialista advoga formação e estágios profissionais

O Governo angolano aposta na educação para quadruplicar PIB per capita nos próximos anos, uma atitude positiva e aplicada no momento certo.

Segundo o docente universitário e presidente de direcção da Sociedade de Profissionais Contabilistas Liberais e Associados de Angola, Manuel Quindai, as soluções reais para estas estratégias passam em continuar apostar na política de estágios profissionais dos jovens recém formados em várias empresas públicas e privadas para dar mais sustentabilidade económica e social à vida de muitas famílias e, principalmente, para muitos deles virem a encontrar o primeiro emprego. Esta continuidade deve ser estendida para vários sectores da vida social, incluindo os do sector primário da economia.

Manuel Quindai disse ainda que as universidades privadas e outras escolas técnicas, na qualidade de viveiros do saber, deveriam ser convidadas a assumirem o papel e responsabilidade de selecção de “muitos bons jovens”, que estão a terminar a formação para fazerem parte das bolsas de estágios que o Executivo, através do Ministério do Trabalho e outros departamentos ministeriais tem levado acabo nos últimos meses.

Por outro lado, apontou, o Executivo, através do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, colocou em marca a estratégia que tem a ver com o empoderamento da jovem mulher, o que na verdade é um ganho. Todavia, esta jovem mulher e, principalmente, nas localidades fora dos centros urbanos, deveriam apostar na educação financeira e empreendedorismo para os micro negócios. No seu entender, estes futuros empreendedores, fundamentalmente jovens mulhres, não só seriam formados nas linhas habituais como corte e costura, culinária, informática e electricidade para alguns, mas formar também na linha do agronegócio(comércio agrícola), necessariamente.

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